— 𝔖o this is 𝐇ope? _𖹭

𝐄speranças... para você, o que significam? Eu poderia as comparar com as flores, sempre tão belas mas ingratas, e que a cada estação podem lhe abandonar. Seria este um destino cruel e fatal, porém natural? Também preferi as comparar à fênix. Sabe? Aquela bela ave de força extraordinária, podendo viver quinhentos anos e que ressurge das próprias cinzas quando morre. Para mim, essa seria uma bela representação do que é a “esperança”: um recomeço, um novo ciclo, acreditar que um futuro melhor estaria por vir, ainda que as decepções e tristezas da vida lhe apunhalassem inúmeras vezes bem no peito.

𝐄u tenho a minha própria fênix. Nomeei-a Hope. Hope... Ter esperança... haveria de fazer mais sentido que isso? A comparação está aí, perfeita e compreensível nas entrelinhas, no significado do nome. Tão óbvio. Mas cuidar da sua fênix não é tarefa fácil, vale ressaltar! Alimentarmos esta criatura, esta... esperança, pode ser uma tarefa árdua, uma vez que os resultados nem sempre serão do seu agrado. Dar-lhe de alimento ideias, confiança, expectativa pode acarretar na morte de tal ser. E ainda que este possa sempre ressugir, irá doer. Irá doer alimentá-lo novamente. Irá doer encher a cabeça de expectativas, somente para que no fim estas sejam rompidas, quebradas, destruídas por inteiro.

𝐏or muito tempo prendi Hope em uma gaiola. “Não me olhe assim — eu pedia — Não ouse cantar para mim com toda essa melancolia. É para seu bem, sua segurança. Não vou deixá-la sair para se machucar.” E me doía. Doía ter que deixá-la assim, em cárcere perante as dores e o medo de me quebrar novamente, tudo para vê-la renascer no final e ter que repetir este ciclo doloroso e até então inevitável de novo, e de novo, e de novo. Me mudou. Adquiri uma nova visão para assim não mais ter esperança. Alimentar minha doce e triste fênix com o amargo realismo, ou seria pessimismo..? Ao invés de com sonhos e expectativas fúteis e irrefreáveis.

...𝐌as prendê-la logo não mais me parecia o correto. Valeria mesmo a pena aprisionar minha pobre ave — de uma plumagem outrora vermelha e dourada, agora acinzentada, mórbida e quase fúnebre — e privá-la dos prazeres, das aventuras, medos e anseios necessários para viver, para chamar aquilo de vida? Por causa dos meus medos e traumas a pobre criatura viveria infeliz, descorada (pois parecia estar perdendo a chama que outrora parecia a manter viva)? Eu a mataria mesmo..?

𝐅oi aí que eu entendi. Era necessário, tudo aquilo era necessário, era preciso. De que valia uma vida repleta de puro conhecimento desde o nascer? (Entediante, provavelmente). Desafortunadamente, as coisas não funcionavam assim. Nada era tão fácil. Para alcançar o topo era preciso a subida. Para a linha de chegada, a trilha, o caminho. E, ditando em palavras mais 'curto e grossas', para o aprendizado era necessário quebrar a cara algumas vezes. Enfrentar os medos pelos anseios. Se aventurar. Viver a vida. E daí que viesse a se queimar no final? Tentasse de novo, oras! E de novo, e de novo, e mais uma vez se fosse preciso. É aí que se encontra a graça de viver: nas cicatrizes da superação, em aproveitar o agora. Se fechar para o mundo e apagar as esperanças não impediria de que elas ora ou outra ressurgissem das cinzas, como uma Fênix. Não impediria que ainda lhe fosse necessário abraçar as esperanças e expectativas, ainda que impondo uma pequena dose de realismo, sendo mais pé no chão. É, vai ver tudo isso faça parte de fases. Talvez esteja no amadurecimento, quem sabe? Bom, agora eu sei que só há uma forma de se descobrir: vivendo e aprendendo.